A, B, C do Demão (1948-2022)

Por Marcio Uno

Todo mundo que conviveu com Naoki Ademar Uno (28.08.1948 – 26.01.2022) tem um ABC para definir quem ele foi. Aqui, meu alfabeto. Não se limita às palavras abaixo o que ele significa para mim, há muita eternidade guardada no meu coração, mas deixo minha homenagem à eterna referência de minha vida:

Amigão de Deus e das pessoas;

Bondoso, grande coração;

Corintiano roxo, maloqueiro e sofredor;

Dedicado ao amor;

Espiritual, dedicado a fé;

Forte diante das tempestades;

Guerreiro, lutador incansável;

Humano e meu herói;

Íntegro aos valores do bem;

Justo e honesto;

Leal com o próximo;

Manso de coração;

“Naná”, “Demão” e “Dungo”, seus eternos apelidos;

Otimista, olhava o lado bom da vida;

Paizão, Pai, Meu Pai;

Querido pelos demais;

Responsável;

Sensível e solidário;

Tranquilo e da paz;

Uno, único e indivisível;

Vovozão;

Xodó;

Zeloso com tudo e com todos.

Descanse em paz e obrigado pela dedicação, amor e ensinamentos que esculpiu em nós!!! Pai, até logo mais!!!

À Posteridade, Uma Carta Pandêmica

Imagem Extraída de GettyImages

Por Marcio Uno

“Insan” é como a antiga sabedoria árabe define o homem, ou seja, “aquele que se esquece”

Urge o manuscrito. Seria para menos? Após dois anos do início da maior pandemia do século XXI – se é que teremos outras por vir – escrevo. Aos críticos atuais, embora considerem o texto tardio, pergaminho uma carta para futuros descendentes. Se perdi a esperança? Com o pequeno fagulho que reluz, se a voz rouca e tímida servir de metanoia aos poucos exegetas, pertinente será.

Voltarei ao presente, mas permita-me regredir no tempo. A humanidade perpassou por várias ocasiões do tipo, seja com a peste bubônica no século XIV que dizimou cerca de 1/3 da Europa; a varredura de aproximadamente 80 % da população indígena pelas doenças trazidas ao continente americano durante a expansão iniciada pelas “Grandes Navegações” – entre os séculos XVI e XIX; ou a gripe equivocadamente denominada “espanhola” que há um século matou entre 50 a 100 milhões de pessoas.

Até o presente momento, a pandemia do novo coronavírus, também denominado de COVID-19 ou Sars-CoV-2, ceifou quase 6 milhões de habitantes. Só no Brasil foram 623 mil mortos. Iniciada provavelmente na China, precisaria de somente 2 meses para alcançar todos os continentes e espalhar o caos por todo mundo. O mundo globalizado e integrado teve de fechar fronteiras, aeroportos, escolas, bares, teatros, etc. A profecia de Raul se cumpriu: “O dia em que a terra parou!!!” fez eco pelo planeta.

Até entender o ciclo da doença e sua propagação, de como orientar as pessoas, preparar o sistema de saúde e avançar nos estudos científicos, muitas empresas faliram, hospitais e necrotérios foram sobrecarregados, milhares de valas teriam de ser abertas para abrigar os corpos e, alguns padeciam de embolia pulmonar, tromboses e infecções generalizadas nos seus próprios lares pela dificuldade de atendimento e vagas nos estabelecimentos de saúde.

A esperança surgiria com o uso da internet: as orientações se propagariam em maior velocidade à população. Entretanto, nem tudo seriam flores: as notícias falsas circulariam igual ou até mais ligeiras que o atual coronavírus. Aliás, criamos um micro-organismo tão letal quanto o pandêmico. A modernidade fundiu os fatos com as opiniões.

Se no início da pandemia tivemos fé que a humanidade seria mais fraterna, unida e solidária, na verdade vimos que o período só revelaria o que há de mais horrível e de mais incrível no ser humano. É na tragédia em que se despe o caráter.

Tomemos a gripe espanhola como exemplo. À luz contemporânea, segue os absurdos disseminados por veículos de informações e distribuídos por autoridades como promessas de cura: fumo-de-rolo, cigarros, charutos, a famosa “caipirinha”, caldo de galinha, ovos e limões, quinino (molécula parecida com a cloroquina). Mudou o conteúdo ou somente o endereço e a rapidez da disseminação? E as frases estampadas: “As providências do governo de muito pouco valeram até agora”, “Continuamos entregues à divina providência”…

Tudo bem, justiça seja feita: a ciência era uma criança, a educação limitada, a estrutura sanitária e de saúde precárias, a penicilina nem sequer existia. E, ainda por cima, o mundo enfrentava uma guerra mundial. Os poucos que se insurgiam contra tais aberrações eram “João Batistas” pregando no deserto.

Assim como na crise sanitária de 1918, usamos métodos de isolamento social, uso de máscaras e a limpeza das mãos. Se aprendemos algo com a história…Bem, a ciência deu grandes passos de evolução de lá em diante. Quanto à sociedade, o obscurantismo, a perversidade e o egocentrismo tentaram novamente abafar as consciências esclarecidas e empáticas com a vida.

Vimos desvios de verbas públicas para aquisições de respiradores e materiais hospitalares; aglomerações de pessoas em festas, bares e confraternizações enquanto hospitais e cemitérios estavam abarrotados; a compra de vacinas antecipadas para que indivíduos pudessem furar a fila; o desdém pelo uso de máscaras e de limpeza das mãos; profissionais que aplicavam vacina de vento para vender os imunizantes; o abuso no valor da venda de produtos essenciais tais como álcool em gel e protetores faciais; contratos irregulares que pediriam propinas de 1 dólar por dose de vacina; autoridades quererem a marra mudar bula de remédios ineficazes para distribuir à população; a falta de oxigênio que gerou mortes de pacientes pela ausência de gestão…Exemplos não faltam.

Ainda, com todo o aparato científico, cultural e informativo que se existe hoje, alguns líderes políticos, religiosos, charlatões, curandeiros, pseudocientistas e médicos aproveitam de tal posição para disseminar em redes sociais e outros meios informativos as mais diversas bizarrices e teorias da conspiração: “o vírus foi criado em laboratório”; “é só uma gripezinha”; “vai matar umas 2 mil pessoas só”; “em local quente o bicho não se prolifera”; “olha toma luz solar e desinfetante que sara”; “o kit-covid, – já comprovado sua ineficácia – também chamado de tratamento precoce, é o salvador da pátria”; “tenho a receita eficaz: a semente de feijão, o óleo consagrado e o coco que cura o coronavírus”; “beber vodca ou uísque protege do vírus”; “a vacina tem um chip que irá controlar o planeta”; “quem tomar vacina virará jacaré ou bambi”; “a vacina pode desenvolver o HIV no indivíduo”; “a vacina provoca AVC e infartos”…Procurem as referências e saberão quem são seus remetentes.

Mais absurdo é saber que ainda seguidores dos perversos reverberam tais mantras mesmo após serem desmistificadas as estupidezes. Entendo que no desespero agarramos o mundo, mas a ignorância e maldades têm limites.

E por falar em vacina…Grupos contrários aos imunizantes se espalham pelo globo. No Brasil, as campanhas de vacinação massivas criadas há 50 anos atrás e que foram muito bem executadas por décadas tem perdido força em meio às desinformações e, com a cobertura vacinal em queda, doenças erradicadas no país começam a surgir novamente tais como surtos de sarampo. Os argumentos desses grupos questionam a eficácia das vacinas, a perda da liberdade individual e de que os imunizantes produzem outros problemas de saúde às pessoas.

Embora o médico criador do movimento, Andrew Wakefield, ter sido desmascarado pela farsa de dados e de informações constantes no artigo científico que relacionava a vacina com o desenvolvimento do autismo e publicado em 1998 pela The Lancet – posteriormente retratado pela revista -, o estrago estava feito e, alguns, até hoje propagam equivocados conteúdos.

Nenhum direito é absoluto e pleno. Em alguns momentos, os direitos e deveres coletivos se sobrepõe aos individuais. Ainda mais quando se envolve a saúde pública diante de uma pandemia. O ato de se vacinar não tem cunho meramente pessoal. É uma ação que envolve a coletividade. Os imunizantes também não são os salvadores da pátria ou a bala de prata esperada, porém foram comprovados cientificamente que reduzem as chances de internações dos indivíduos e de contraírem a doença de forma mais gravosa que possa acarretar mortes.

Entretanto, presenciamos na pandemia também muitos atos divinos: os céus abertos e lindos com a diminuição da poluição; profissionais que doaram suas vidas e seu trabalho para o outro tais como os médicos e enfermeiros, os motoboys e coveiros; a ciência que rapidamente sequenciou os genes, estudou o comportamento viral e produziu vacinas eficazes; os jovens que fizeram compras para os vizinhos mais idosos; voluntários que emprestaram seus ouvidos às pessoas desesperadas e enlutadas; doações de alimentos distribuídos aos mais necessitados e aos desempregados e de equipamentos, materiais e insumos hospitalares aos sistemas de saúde.

Enfim, na roda dos descendentes e com tantas prosas proferidas, quando me perguntarem sobre este momento, quero parafrasear tais palavras. E chegando a noite em que o lapso reinar, balbuciarei tal epístola.

Quanto ao posicionamento que tomei, esclarecerei sem nenhuma vergonha: que a hipocondria e fobia não me fez morada, porém preferi errar o alvo com os excessos da prudente consciência do que com as balas do negacionismo, da perversidade e da omissão. Descanso no colo do tempo, o senhor da razão. E, se o peso do pecado da exorbitância me acompanhar, a humildade no bolso quero carregar.

Caminho para o futuro. Torço que as letras sejam pertinentes no horizonte adiante. Deixo à posteridade uma carta pandêmica e rogo que chegando lá ainda não seja polêmica.

Aliás…

No parque de diversões, esbravejo aos céus: – Quem sou eu por favor???

Sopra o vento sarcástico sobre mim: – “Insan”, tu és “Insan”!!!

Insano? Entro na roda-gigante e sigo adiante…

Minha amiga ou inimiga?

Foto por Singkham em Pexels.com

Por Polyana Sayuri Campos Uno

A gente precisa de você

Mas você não necessita de nós

Vem trazer ar, mas te sufocamos

Colore nossas vidas, porém jogamos cinzas em ti

Embeleza com suas flores e os humanos te estraga

Seu cheiro nos faz bem e a nossa fumaça te mata

Por que tanta maldade a quem nos traz vida?

Queremos nos aproximar?

Você, minha eterna amiga/inimiga natureza!!!!

A Realeza dos Contos

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Por Marcio Uno

Olhava para o relógio cuco que estava pendurado perto da janela. Sentado na poltrona enxovalhada a localização era perfeita. Ao mesmo tempo que avistava os ponteiros vagarosos, tinha a ampla visão da estrada que levava aos portões do sítio. Espaços de alívio se sobrepunham diante de tamanha ansiedade com a pequena sensação de controle.

Sabia que aqueles momentos eram preciosos, únicos. Coroa nenhuma pagaria. Com o “dolce far niente” aprendeu a se entregar na trégua do tempo e se deleitar com os recessos escolares dos netos. A hipnose onomatopeica ditava o transe: cloc, cloc, cloc….cuco, cuco!!!

Já estava em outra dimensão. Virando para a extensa biblioteca, qual seria o conto que abrigaria palácio nas almas? Pensou nas narrativas cotidianas, dentre erros e acertos da vida. Lembrou de uma relíquia dentre todas que possuía. Na caixa empoeirada, algumas lembranças, álbuns de fotos e seus escritos guardados por décadas.

Tal tesouro foi reunido há dois anos quando tinha sofrido uma grave doença. Achando que ali terminaria sua trajetória, montou um caleidoscópio que remontaria a variedade de momentos e reflexões guardados na memória, esta que já dava sinais de pequenos e alvos lapsos.

– Hoje serei Sherazade… – balbuciou com orgulho.

Foi o tempo de pegar o baú da vida e sentar-se que avistou o automóvel cortando as imagens das árvores pela estrada real e chegando ao destino final. Gritou com tanta felicidade: – Espelho, espelho meuuuuuuu!!! A velha cochilava na rede da varanda naquela tarde fresca de outono.

– Vai pro fundo do fosso!!! – Dizia ela assustada diante dos berros.

Com o coração alegre e acelerado a senhora foi recebê-los. Somente um grande abraço de vó para abrigar dois netos de uma só vez. Com passos em lentidão, o senhor abriu a porta e foi ao encontro das crianças. Os quatro saudaram de longe a mulher que adentrava ao carro.

Juntos, a entrada foi triunfal na fortaleza. Como se fosse a primeira vez, os pupilos tateavam os objetos e puxavam da memória as transformações ocorridas na sala desde a última visita ao casal. 

Eufóricos, olhavam para a suntuosa estante e, tentando descobrir qual seria a história da vez, logo perguntaram a majestade se tinham acertados os palpites. As férias, como de costume, tinham o rito inicial. Todavia, aquele momento fugiria dos roteiros literários.

Pegou o que tinha separado e deixado em cima do aparador quando se levantou e saiu para recepcioná-los. Mostrou uma capa antiga e mofada com imagens divididas entre sol e nuvens, castelo e casebre, cores vivas e foscas, montanhas e vales. Os pequenos ficaram por alguns segundos confusos.

O velho deu uma espontânea gargalhada. Bobos da corte?

Vendo a obra em mãos, a companheira deu-lhe uma piscada e foi para o quarto de hóspede guardar as malas dos viajantes. Os sábios em sintonia: é chegada hora!!! E desta vez a história não se passava diante de mundos distantes e figuras de linguagens, mas agora era real. A realeza dos contos se encontra nas mensagens ou nos personagens?

Afinal, tinha um lema na vida: morreria em paz educando filhos e netos a serem pessoas melhores que ele. Ambos sentaram ao seu lado e com a voz embargada pôs-se a dizer: “Há muitos anos atrás…”

Aliança De Estanho

Por Marcio Uno

Entro no quarto de recordações e dirijo-me à estante.

Olho para o espelho, os tímidos cabelos brancos e pequenas expressões marcando a face. Vejo aquele velho relógio de madeira pendurado na parede e, como se estivesse voltando os ponteiros com os dedos, retorno dez anos no tempo. Faço uma pequena digressão.

A paixão tomou conta quando te avistei pela primeira vez na vitrine. Adiante, o sentimento já se multiplicou por dez. E o relacionamento conduziu em preciosas lições.

Seu material maleável trouxe leveza diante da brutalidade da vida; ensinou que dentre as imperfeições e desencontros, as virtudes e acertos, há o caminho da aceitação, da convivência e do respeito.

Da mistura com a liga de zinco remontou-se valores de proteção contra as ferrugens e corrosões; o amor consolidou um grande porto seguro e nele as dificuldades enfrentadas foram superadas. As marcas deixadas no metal servem de crescimento e amadurecimento.

Quando andei pelos becos mais sombrios, sempre foi brilho para minhas mãos; Quando perambulei por tristezas e decepções, estampou beleza para minha alma; e, quando encruzilhei por entre medos e indecisões, irradiou luz pelo caminho.

Volto ao quarto. Abro a gaveta do móvel e reencontro o porta-joias. A caixa musical com tons leves e doces traz belas lembranças aos ouvidos. A consciência toma o corpo da história percorrida.

Ali, no canto secreto, a linda aliança. Embora os anos tenha se passado, a preciosidade, brilho e beleza não foram ofuscadas pelo calendário. E, ainda que nem sempre esteve entrelaçada aos dedos, caminhou juntamente ao coração.

Saio às ruas.

Hoje pode o ourives querer comprá-la por boa grana na primeira esquina, o ladrão do bairro tentar retirá-la do anelar ou o eclipse solar despontar-se pela cidade, que nada tirará o prazer de tê-la como companheira.

Hoje eu andarei contigo…Hoje e sempre!!!

Velho Marujo, Renovadas Utopias

Barquinho na tempestade net

Imagem Extraída de: http://fichariolilas.blogspot.com.br

Por Marcio Uno

A tarde de outono, temperatura amena: O cenário ideal do marinheiro. Coincidência? Por um instante o anúncio das trevas daria passagem para o início do novo e vivo caminho. Embora o ambiente ser tão familiar, uma mistura de sentimentos, dentre medos e euforias, tomou conta do velho corpo que descia do mastro. Das nuvens espessas e negras seriam avistadas radiações gloriosas de aconchego.

Na proa não se esquivou de enfrentar as ondas e o gingado mortal. Estendeu os braços e os acolheu como amigos íntimos. Entregou-se e mergulhou profundo. Ah, o equilíbrio…o autodomínio era a tônica da maturidade alcançada. Recordações pueris vieram-lhe a tona: jogar bola ou brincar de pega-pega com os colegas em uma chuva torrencial de verão. Regressão ou digressão!?!?

É chegada a hora. Com os ponteiros do relógio travados, sentou no convés e pegou um caderno empoeirado. Abriu, começou a ler e traçar rabiscos no mapa. Anos anteriores, a timidez o impedia de pegar o leme e ser protagonista do próprio cruzeiro. O escorbuto que lhe consumia. Seu intuito era formar uma náutica de seguidores, mas a navegação não comporta amadores.

Nunca foi simpático dentro do navio. Não conquistou a tripulação com sabores marítimos nem almejou confetes. Combativo, seu prato principal foi a luta pela justiça. Mas entre um mar de amargura e algumas ressacas, aprendeu que somente na nau têm-se contato com a diversidade – terra, água, fogo e ar. A tolerância é a bússola contra a arrogância.

Talvez, sua maior trajetória foi ter de lidar com o egocentrismo. Prisioneiro do próprio porão em um leve estado depressivo. Foi pirata que lhe roubou por várias vezes o coração. Aprendeu a fazer vários nós e persistiu em desatá-los até encontrar oceanos vindouros. A comunhão, o orgasmo, os amores e dissabores devem ser múltiplos. Tesouros!!!

Se arrependimento matasse, há tempos teria se naufragado. Faltou-lhe soltar a voz, ganhar espaço no vento e se reconhecer no timbre da vida. Recordou que escrever era um dos caminhos possíveis para gritar e aliviar a ferida. Com o movimento brusco deixou cair o lápis da mão. Sobrou preservar o grafite esculpido nas folhas que se desmanchavam. Protegeu o calhamaço no surrado uniforme aventureiro. Palavras ali contidas precisariam ser encontradas por algum novo coração negreiro.

Levantou-se. Viu o tempo se escorrer por entre os dedos. Tomado pelo espírito de Nereu em tom profético e poético, em um lapso de lucidez, brigou com a frase tatuada no braço e com o autor da sentença. Já não sabia distinguir se a precisão estava em navegar ou viver. Confusão mental jamais!!! Quer ver???

E, num gesto de bravura, saiu do convés, trancando-se no passadiço. Guardou o pergaminho a sete chaves e não arredou o pé. Comandante não abandona os passageiros na dor. Enfrentou a tempestade com honra e doçura. Sentia prazer no balanço das águas que encharcavam a alma. Remando contra a maré, restou-lhe as renovadas utopias batizadas com esperança.

Atraca-se a embarcação no cais. Da popa, a morena: Marujo, abra os olhos que é chegada a bonança!!!

Quem sabe era de primeira viagem…